domingo, 22 de novembro de 2009

Objetivos

Domingo, 22 de novembro de 2009

Sim, e daí?

O colega ao meu lado estava distraído, limpando as unhas com a tampa da Bic. Fiz-lhe uma pergunta absolutamente inesperada:
— Fulano, quais são os teus planos profissionais, o que é que tu estás pensando para o futuro?
Reação de espanto. O colega fica com a tampinha da Bic no ar e pisca, pisca várias vezes. A resposta é um vacilo. E não é que ele não tenha entendido, é que ele não tem mesmo um plano, um sonho por que lutar. O sujeito vai indo, simplesmente indo... A maioria vive assim, um dia após o outro, nada mais.
Posso fazer a pergunta à leitora, ao leitor, afinal, somos íntimos, eu daqui e você daí, entre nós o jornal que nos une, intimidade pura. E aí, qual é o seu plano? Não vale dizer que vai passar as férias em Natal...
As pessoas, em maioria, vivem sem a estrela guia da vida, mas alguém pode pensar que a pergunta só vale para os jovens ou gente de meia-idade. Grosso equívoco. Vale para todos, talvez valha mais para os mais velhos. Dependendo de quem me ouve nas palestras, tenho histórias especiais para contar. São histórias de vida de gente de muita idade, idosíssimos, gente com nome, endereço e CPF. Histórias motivadoras.
Os mais velhos precisam ter seus projetos, suas ambições. A vida precisa de uma luta, é preciso que vislumbremos um topo de Everest e iniciemos a subida até ele.
Ontem ouvi o Ari Fontoura, um dos maiores nomes das novelas da Globo, dizer, não sei se em forma de queixa, que nunca na vida fez um papel principal, o chamado protagonista. Penso que o Ari fez apenas uma frase.
Costumo dizer que quando você canta no coral da igreja tem que ter para você mesmo a ideia de que o coral é você. Sem ele o coral fica sem voz... Não é vaidade exaltada, nada. É autoestima, é consciência de valor pessoal, é um modo de achar sentido no que fazemos. O Ari Fontoura, para mim, é sempre protagonista.
Quando alguém acha que é apenas mais um no grupo, ah, é mesmo apenas mais um. Quando acha que é o um, o the one, como dizem os americanos, é isso, será isso.
Como é que alguém pode não ter um plano, um projeto por que lutar? E se alguém me disser que já está velho para ter planos, sinto muito, essa pessoa já morreu.
Amanhã é segunda. O dia do aborrecimento para as multidões. Claro, as multidões veem o trabalho apenas como um modo de ganhar dinheiro, não o vivem na plenitude de achar nesse trabalho o palco para o brilho pessoal. Pobre gente.
O colega aquele, de quem falei, deve ainda estar procurando o que dizer... Ou deve ter voltado às unhas.
Luiz Carlos Prates

Um comentário:

  1. Parabéns Eduarda
    Muito bem colocda sua postagens. Embora os jovens achem que esse papo do Prates é papo de "adulto chato", realmente é assim que se vê diariamente a geração digital que vem por aí. Sabem de tudo, mas tudo só fazem para cumprir com a obrigação.
    Parabéns por fazer a diferença em relação a sua geração.
    Sucessos

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